A recente remodelação do Diário de Notícias afectou não apenas aspectos gráficos do jornal, mas também a organização dos seus conteúdos; desapareceram suplementos como o caderno DNA e a revista GR, extinguiram-se diversas secções, rubricas e "recortes", e de entre estes desapareceu - presume-se que definitivamente - o "Blogue do Dia". Ora, evidentemente, como o espaço http://blogdodiadn.blogspot.com reproduzia exclusivamente os blogs portugueses destacados pelo DN, o Blog do Dia suspende também, e por consequência, a sua actividade.
No entanto, permita-se-nos uma opinião sobre o assunto, não só quanto à extinção daquele e de outros "recortes", mas objectivamente sobre a referida remodelação do jornal.
Uma opinião como qualquer outra, mas que suponho (e julgo saber) não ser única e não estar isolada, consistindo numa simples pergunta: para que serve uma remodelação de algo que não precisava de ser remodelado?
E esta questão, modesta perplexidade de um leitor entre muitos, implica algumas outras que poderão (e deverão) ter sido colocadas se não por todos, pelo menos por alguns dos leitores daquele jornal diário: houve alguma queixa, alguma manifestação pública de incómodo, nos últimos anos, sobre o aspecto gráfico do Diário de Notícias? Não foi o próprio DN premiado, por diversas vezes e por várias instituições, precisamente pelo grafismo que apresentava? E quanto a conteúdos, qual era exactamente o problema, ou onde estavam as objecções? O que havia de errado, por exemplo, nos "recortes" sobre restaurantes, sobre locais públicos de interesse, sobre sites úteis ou sobre... o "Blogue do Dia"?
Enquanto leitor com mais de 30 anos de "antiguidade", e se bem que já tenha assistido a algumas outras "remodelações" do velhinho DN, encaro a mais recente não como uma simples "remodelação" mas como uma verdadeira demolição: total e absolutamente... incompreensível, para não ir mais longe. Não me parece que o "novo" Diário de Notícias seja "mais fácil de ler", como agora se anuncia; nunca me tinha ocorrido que o "velho" era "difícil de ler" e, de resto, sinceramente desconheço o conceito.
O DN era um hábito diário que "tomava" calmamente, tranquilamente, com o café da manhã; este, bem forte e com açúcar, como sempre; aquele, bem feito e com interesse. Como não me agradaria nada que me servissem adoçante com a "bica", não me agrada nada que me sirvam o DN totalmente descafeínado, azedo e em chávena de loja dos 300.
Foi adulterado o ritual quotidiano de milhares de clientes, os leitores fiéis do Diário de Notícias. Porquê? Para quê? Ou, mais claramente ainda: com que direito?
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